EPISÓDIO 02 – UMA DEUSA DIANTE DE NÓS
僕たちの前に女神
Acordou, e o local fedia. Alguém tinha urinado nas
calças de tanto medo, e Sava-kun torceu para que não tivesse sido ele. Após
verificar e suspirar de alívio, caminhou. Estava zonzo, o estômago borboleteando,
visão turva, um turbilhão de gostos na língua, mesmo sem ter comido ou bebido
nada. Um zumbido no ouvido, pernas que não respondiam aos comandos. Ele caiu.
Sentiu um braço o erguendo, ouviu uma voz, e quando
recuperou a lucidez, a primeira que lhe veio à cabeça foram as palavras Obrigado, Jardel. O amigo,
aparentemente, estava recuperado do que quer que os tivesse atingido.
Eram destroços de uma imensa construção, a área
interna de um complexo de salões e palcos semidestruídos por violentos desabamentos
e tremores que fizeram o chão se partir ao meio.
- Isso aqui é o prédio onde ia ter o evento –
Sava-kun disse – Cadê o resto do pessoal?
Procuraram janelas ou portas que mostrassem o que
havia lá fora. Só viram escuridão. Ou estavam no espaço, ou em algum lugar
escuro. Um mundo onde só era noite, talvez. Andaram por corredores, vasculharam
salas e só encontraram destroços.
- Cadê o Charlie? – Sava-kun perguntou.
- Cadê as nossas deusas? – era Jardel.
- Eu me atraso um pouco, e isso aqui vira bagunça? –
questionou uma voz misteriosa.
O anônimo disse aquilo após chutar uma porta
entreaberta. Quem ainda não tinha se urinado, o fez naquele momento.
- Bruce! – Sava-kun gritou.
Houve um cumprimento sincero e caloroso entre os
amigos. Sava-kun e Bruce não se conheciam pessoalmente ainda, e poder apertar a
mão um do outro tinha um significado bastante especial. Teriam se abraçado se
Bruce não tivesse dito que Sava-kun estava fedendo.
- Quem nunca mijou nas calças de medo? – Jardel
perguntou, tentando disfarçar o constrangimento.
- Acharemos um banheiro aqui, fiquem tranquilos –
Sava-kun disse.
- Eu também me mijei, mas tenho um bom motivo para
isso – Bruce sorriu – Preciso contar para vocês, então prestem atenção.
- Precisamos encontrar o Charlie primeiro – Sava-kun
interrompeu.
- E nossas deusas também – Jardel complementou.
- Então vamos procurá-lo o quanto antes para eu não
ter que falar tudo duas vezes.
Só então notaram que Bruce estava pálido. Sua
respiração estava mais acelerada que o normal. Ou tinha corrido muito, ou tinha
se assustado a ponto de perder o fôlego. O que teria acontecido?
- Vamos procurar! – os três disseram quase ao mesmo
tempo.
Acharam uma espécie de banheiro. Tinha torneira,
água corrente, toalhas de papel e privacidade. Já caminhavam há longos minutos
e nem sinal de nenhuma alma viva. Higienizaram-se tanto quanto possível,
mijaram mais e mais à vontade.
- Cheiro de sangue... – era Jardel.
Correram, tropeçando em pedaços de concreto,
desviando de lustres caídos e pisando em paredes desmoronadas. O cheiro se
intensificou. Sava-kun gritou “Charlie”, e milagrosamente receberam como
resposta um gemido irônico. O amigo ria da própria dor. E estava no aposento
seguinte, provavelmente soterrado sob as centenas de quilos de escombros.
- Charlie é você? – Sava-kun gritou.
- Não reconhece a minha voz? Até parece que não viu
meus vídeos no Youtube.
- Vamos rápido – era Bruce sussurrando para Jardel –
Estamos sendo seguidos...
***
Com algum esforço, muitos gemidos e muitas piadas
sobre urina, tiraram Charlie debaixo dos escombros. Cumprimentaram-se. Ele
estava bastante esfolado, roupas rasgadas, sangue escorrendo com timidez por
várias partes do corpo.
- Você tem coisas a nos contar, Bruce? – ele
perguntou – Seja um bom Brucinho e diga que achou a chave do camarim das Kamen
Rider GIRLS e conseguiu fazê-las entender que não há errado em eu ir lá falar
com elas.
- Apareça! – Bruce virou de costas – Seu tom de voz
sério era incomum. Já sei que está aí.
- Quem está aí? – Sava-kun não sabia se perguntava a
seu amigo ou ao desconhecido.
Detrás de uma porta caída surgiram três indivíduos
de aparência disforme. Pareciam grotescas caricaturas de seres humanos. Tinham
músculos que os tornavam inimigos formidáveis. Os dentes pontiagudos gotejavam
sangue.
- Está com a câmera aí, Sava-kun? – Bruce perguntou.
- O que você tá pensando em fazer, Bruce?
- Está com a câmera aí ou não está?
Ele pegou a câmera e a ligou. Não tinha entendido,
mas nada daquilo fazia sentido. Jardel deu um passo à frente, receoso, mas
incapaz de abandonar o amigo que parecia disposto a lutar contra sabe-se lá o
que. Charlie assuou o nariz. Sangue escorreu.
- Posso até apanhar até sangrar, mas me mijar de
medo eu não vou.
- Charles, só eu vou lutar – Bruce disse – Sava-kun,
tudo certo com a câmera?
- Sim.
- Então, ligue.
E Bruce fez uma pose estilosa, movimentando braços e
cintura em um padrão inusitado e bem pensado. Uma pedra brilhante surgiu em
seus dedos. Ele a colocou alguns centímetros abaixo do umbigo. Aquilo não fazia
sentido, mas ele agia com tanta naturalidade que parecia a coisa mais normal do
mundo. Uma luz surgiu. Bruce disse com toda a empolgação do mundo:
- Henshin!
A luz circundou o corpo dele, fazendo surgir uma
espécie de armadura formada por luzes rutilantes. Não foi possível ver mais
detalhes porque ele logo foi em direção aos inimigos, que fizeram o mesmo. Com
dois socos, Bruce dizimou todos os inimigos. Sua força estava muito além dos
padrões da raça humana. Ele voltou até seus amigos, retomando a forma normal a
um comando mental.
- Espero que não tenham se mijado de medo.
- Não – era Sava-kun – No meu caso é incontingência
urinária mesmo.
- Precisamos conversar – Bruce disse.
***
- Quando aquilo surgiu no céu, senti como se tivesse
sido teletransportado. Não que vocês também não tenham sido, mas pra mim foi
diferente. Eu acordei em um local totalmente branco, um lugar fofinho, parecia
a Nuvem Rosa dos Ursinhos Carinhosos. De repente, apareceu uma luz e o rosto de
uma menina. Era tão poderosa que eu fiquei de joelhos, sem saber por quê. Um
tipo de deusa. Disse que se chamava Hibohibo-sama. E me deu esta pedra.
Todos fizeram as perguntas típicas de quem recebe
uma quantidade absurda de informações inacreditáveis. Bruce foi respondendo
dentro do possível, embora tivesse mais dúvidas do que certezas.
- Ela disse que eu seria o primeiro Hibo Rider. E
que outros surgiriam porque eles são necessários. Alguma força poderosa fez
aquela tempestade que nos tirou da Terra. As Kamen Rider GIRLS correm perigo
aqui, e nossas famílias correm perigo na Terra. Não sei a quem proteger, nem
quem estamos enfrentando. Só sei que agora faço Henshin e estou feliz por isso.
Várias perguntas, suspiros de surpresa, dúvidas,
indefinições. Dentre todos os questionamentos, um em particular chamou a
atenção de todos.
- Nós assistimos vários Kamen Riders. Todos eles
usavam um cinto de transformação. E você se transformou sem usar um cinto,
Bruce. Como isso é possível? – Charles perguntou.
Haveria respostas, algumas sérias outras nem tanto,
mas outra vez barulho de escombros sendo chutados por violentos recém-chegados.
Os mesmos indivíduos monstruosos. Mas desta vez eram mais de cinquenta.
- Alguém ouviu um grito? – Jardel perguntou.
- 助けてくれ!
- É impressão minha, ou esta voz é da Jiena? –
Charles perguntou.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO DE HIBO RIDERS:
Surgem outros dois Hibo Riders. Voltar à Terra
protegê-la, ou ir atrás das Kamen Rider GIRLS, cujas vozes podem ser ouvidas
perto dali? Não percam no próximo domingo:
EPISÓDIO 03 – ONDE ESTÃO AS KAMEN RIDER GIRLS?
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